quinta-feira, 21 de março de 2013


Passantes apressados

Esses amigos hein? Sempre aprontando! Existem grandes diferenças entre voltar para casa sozinho e voltar para casa com eles.
Com meus amigos no caminho de casa peruas são perseguidas, cuidado com as mentes mal intencionadas, peruas de quatro rodas! Meninas são cativadas, danças são de repente efetuadas na frente dos passantes apressados. Alguns ficam abismados, outros discretamente bravos, mas, no fundo, somos desculpados pelas nossas travessuras.
Voltando para casa sozinho, pego o caminho mais rápido e volto sem dança, sem travessuras, sem perdão. Mas pensando bem desse jeito não tem graça, o divertido é ver as pessoas que participaram da brincadeira, acharam engraçado e se lembraram de como era ser criança, lembranças perdidas pelos passos apressados.
Eu sei e sempre vou saber que é muito melhor viver a infância assim, livre e feliz com meus amigos. Pois quando chegar a minha hora de encontrar no meu caminho, como passante apressado, garotinhos de 12 e 13 anos, eu vou entender a brincadeira e poderei voltar a fazer parte dela.

Radio Flyer

   O que será que se passa na cabeça da Bell? Com seu rabinho abanando toda hora, seu focinho molhado e cheio de terra. Com suas orelhas longas e caídas, seus atenciosos olhinhos de jabuticaba sempre me olhando. Com seus pelinhos brancos e curtos que vivem deixando rastros por aí e sua carinha sempre arfante e feliz.
   Mesmo sabendo que tem, na casa da minha avó, uma cama quente e confortável, feita de camisa velhas do meu pai e espuma de sofá, insiste em descer na minha casa e dormir no meu carinho de mão "radio flyer", sabem... Aquele que é popular entre as crianças americanas. Mas fico pensando... porque será que ela fica lá ao invés de dormir na cama muito mais confortável? O que será que Bell estaria fazendo lá? De vez em quando ela dá umas latidinhas... Será que à noite o carrinho cria vida e a leva para passear?!!...
   Bom, não importa, só sei que ela fica lá, faça chuva ou faça sol, e nunca se esqueceu de parar de abanar o rabo ou arfar.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Dedos Assassinos

   Esta maldita pele no meu dedo!!! Por que ela teve de existir? Essa pele no canto do seu dedo mindinho, aparentemente inofensiva e boazinha.
   Ela fica ali te encarando, tirando sarro de você sabendo que não pode ser tocada, afinal se você a tocar, a cobra fuma.
   Eu fiquei duas horas olhando para ela, praguejando-a, condenando-a às eternidades no fogo ardente escarlate das fontes de lava pura dos olhos cristalino do Belzebu.   E eu fico pensando quem foi o homem alienado que disse que a pele é um dos órgãos mais importantes do nosso corpo!! De onde ele tirou isso? Aposto que ele leu isso na Wikipédia... Se bem que a Wikipédia é uma boa fonte de informações, afinal pesquisas dizem que...  Desculpe, o assunto não é esse! Não devemos nos preocupar com isso! A prioridade é o que eu devo fazer sobre este trágico incidente... Já sei! Um médico! Ah... é verdade! Médicos não fazem cirurgia de remoção de pele no dedo... Já sei! Está decidido pensei muito sobre isso, mas agora me decidi! Vou arrancar meu dedo, afinal a dor de um dedo arrancado é mais suportável do que a maldita dor de arrancar a pele solta do canto do dedo. 
   Na última vez que fiz isso gastei três litros de remédio que tira até a dor da alma, de uma vez só, e nem assim adiantou. Bom! Vou indo a marcenaria mais próxima para serrar meu dedo, pois não estou mais aguentando de dor.

terça-feira, 5 de março de 2013


Filosofando

   Pra variar, estava deitado na cama adiando meu dever de casa. Agindo como se ele não existisse, escravizado pela minha preguiça no corpo, pensando em piadas que eu deveria ter feito, mas não tinha... sem saber como me entreter, coçava meus olhos.

   Muita coisa passava pela minha cabeça. Eu estava em transe, como se ficar ali coçando os olhos estivesse me fornecendo conhecimento infinito e teorias filosóficas que eu nunca nem tinha pensado! 

   Eu estava me sentindo um filósofo da vida, como se coçar os olhos me fizesse mais inteligente. Fiquei pelo menos duas horas filosofando sobre coisas inúteis: como as abelhas voam? Será que Deus é negro? Por que as meninas fazem instagram pros animais de estimação? São muitas teorias, mas são tão inúteis que decidi não me preocupar muito em achar uma resposta. 

   Além disso, não achava ideias para a minha crônica. E não queria fazer uma crônica sobre não ter ideia para minha crônica, pois achava fácil demais, apesar de tentador. Então voltei a me coçar os olhos como se não houvesse amanhã.

   Após muito questionamento, indecisão e coceira, minha mãe me alertou pela trigésima milésima oitava vez e disse com autoridade, seriedade e estou de saco "cheiedade": vai fazer a crônica que você já deveria ter feito faz tempo." Com calma, respondi: "já vou, mãe, eu acabei de ter uma ideia...."